
Há mais de duas décadas, astrônomos notaram algo estranho nas estrelas que estão mais próximas do centro da Via Láctea. Eles perceberam, por exemplo, que a luz emitida pelos astros sugeria que eles eram bem mais jovens do que era esperado com base em sua massa. Da mesma forma, também se destacou o fato de que havia poucas formações luminosas mais velhas nessa região.
Esses problemas foram apelidados de “paradoxo da juventude” e “enigma da velhice”, respectivamente, e permaneceram um mistério desde então – pelo menos, até agora. Por meio de simulações de computador, pesquisadores da Universidade de Estocolmo, na Suécia, demonstraram que a matéria escura pode ser a resposta para resolver os dois quebra-cabeças.
Como destaca a revista New Scientist, astrônomos sabem que o centro galáctico é excepcionalmente denso em matéria escura. Por isso, os pesquisadores do novo estudo resolveram simular o que aconteceria caso uma partícula de matéria escura atingisse uma estrela. E foi assim que eles descobriram que cada partícula perde energia e fica presa dentro da estrela ao colidir com os núcleos dos átomos da estrela.
Se outras partículas de matéria escura já estiverem presas nesse mesmo lugar, elas acabam se aniquilando. Cada processo de aniquilação produz uma explosão de energia tão intensa que pode tornar a estrela mais brilhante do que ela já era, mesmo que fosse mais velha.
Normalmente, quando as estrelas envelhecem, elas dependem da energia liberada pela sua fusão nuclear para evitar o colapso sob sua própria gravidade. Sem combustível para realizar esse processo, a tendência é que o astro diminua a intensidade do seu brilho, aponta a revista Nature.
Mas, com a matéria escura ajudando a aliviar a pressão da gravidade, uma estrela se torna mais fria (e, portanto, com aparênciamais jovem) do que seria de outra forma. À medida que os suprimentos de matéria escura se reabastecem, a estrela permanece eternamente jovem.
“Há tanta matéria escura no centro galáctico que esse processo poderia efetivamente tornar as estrelas imortais”, observa John, em entrevista à New Scientist.
Continuação do estudo
Apesar das simulações utilizadas se basearem em suposições muito comuns sobre a matéria escura e corresponderem qualitativamente a observações anteriores, a equipe reconhece que o estudo apresenta certas limitações. É possível que, no mundo real, a situação seja um pouco mais complexa.
Esse motivo é o que explica o desejo dos especialistas de, a partir de agora, tentar coletar mais dados de telescópios da região central da Via Láctea levando em conta as novas descobertas sobre a matéria escura. Acredita-se que os resultados possam ajudar a identificar quais estrelas na galáxia podem realmente “viver para sempre”.
(Por Arthur Almeida)

