Os sinais de violência encontrados em restos mortais indicam que as vítimas foram brutalizadas em rituais de triunfo ou celebrações de vitória após uma ou várias batalhas — Foto: Fanny Chenal and Philippe Lefranc/INRAP

Guerras  pré-históricas

Corpos mutilados e não mutilados foram enterrados em fossas separadas, sendo esse o primeiro indício de que eles se tratavam de diferentes grupos. A análise química de dentes e ossos forneceram ainda mais pistas: as pessoas com corpos mutilados não eram da região, possivelmente originários dos arredores de Paris.Já as ossadas sem sinais de violência foram classificadas como locais, o que pode significar que elas pertenciam a pessoas que morreram durante conflitos territoriais com invasores.

“O membros inferiores foram [fraturados] para impedir que as vítimas escapassem, todo o corpo apresenta traumas causados por força bruta e, além disso, em alguns esqueletos há marcas – perfurações – que podem indicar que os corpos foram colocados sobre uma estrutura para exposição pública após serem torturados e mortos”, explica Teresa Fernández-Crespo, arqueóloga e coautora do estudo, em entrevista ao site Live Science.

Segundo os cientistas, um exemplo de celebração de vitória militar na Europa pré-histórica era, justamente, a exibição de membros decepados dos inimigos como “troféus”, o que explicaria os braços e mãos esquerdos encontrados separados dos corpos.

Populações da região viviam em assentamentos fortificados e frequentemente entravam em conflitos em decorrência de invasões. Fernández-Crespo argumenta que as fossas revelam uma intensidade de violência sem precedentes contra o corpo, que só pode ser compreendida em um contexto de tortura, mutilação e desumanização da vítima.

Seja associado a atos de vingança ou a práticas marciais de povos neolíticos, os pesquisadores afirmam que o sítio arqueológico representa “uma das primeiras instâncias de vitórias marciais na Europa pré-histórica”.

(Por Fernanda Zibordi)