
Há 150 milhões de anos, dois jovens pterossauros morreram de forma violenta em uma tempestade. Cientistas da Universidade de Leicester, na Inglaterra, encontraram os fósseis dos répteis voadores e publicaram a descoberta na revista Current Biology na última sexta-feira (5). Embora considerados pequenos, os esqueletos são evidências de como das tempestades tropicais moldaram os registros fósseis.
Ambos apresentaram uma fratura inclinada do úmero, resultado das fortes rajadas de ventos da tempestade. Feridos, os pterossauros caíram na superfície de uma lagoa – provavelmente, na lagoa Solnhofen, na Alemanha – e morreram afogados, segundo os pesquisadores.
As tempestades, apesar de potencializadoras das mortes destes animais, também criaram condições ideais para a preservação dos fósseis. Após o afogamento, os Luckies afundaram rapidamente na lagoa, onde foram soterrados por lama calcária, o que permitiu a sua preservação por milênios.
Mesozoico: a era dos gigantes?
Conhecido popularmente como a “era dos répteis”, o Mesozoico é frequentemente associado ao período da pré-história dos dinossauros, dos grandes répteis marinhos e de demais espécies “monstruosas”. Mas, assim como nos dias atuais, as pequenas espécies – como os pterossauros encontrados – também marcaram presença.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2025/s/T/wNEKNMQKKxn183RF820w/esqueleto-pterossauro.jpg)
Encontrar pequenos fósseis não é tarefa fácil. A fossilização tende a favorecer organismos maiores e mais robustos, deixando as criaturas menores sem espaço nos registros paleontológicos. Mas a descoberta dos dois esqueletos completos, articulados e praticamente inalterados desde a morte, foi uma exceção.
Em comunicado, Robert Smyth, da Universidade de Leicester, relatou a raridade dos achados. “Os pterossauros tinham esqueletos incrivelmente leves. Ossos ocos e de paredes finas são ideais para o voo, mas péssimos para a fossilização. As chances de preservar um já são mínimas, e encontrar um fóssil que informe como o animal morreu é ainda mais raro”, disse.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2025/L/F/ggtCZ1TkujAaZxmQduQA/capa.jpg)
Mesmo sendo difícil a fossilização de criaturas menores e mais frágeis, a maioria dos fósseis de pterossauros encontrados são quase todos de indivíduos pequenos e jovens. Esqueletos de adultos, por outro lado, são raramente encontrados e, quando o são, apenas fragmentos como crânios e membros isolados são identificados.
Essa “exceção à regra” também foi objeto de análise do estudo. Provavelmente, indivíduos maiores e mais fortes conseguiram resistir às tempestades e, após morrerem, deixavam partes de suas carcaças localizadas em áreas diferentes.
Conjunto fóssil de Solnhofen
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2025/w/I/HTHRARRhawbJFtUB52UA/solnhofen.jpg)
Os calcários do conjunto de fósseis de Solnhofen, no sul da Alemanha, são conhecidos pelas excepcionais preservações esqueléticas de fósseis. Há milhões de anos, o local era uma lagoa, possibilitando a existência de repositórios lagunares famosos pela preservação de diferentes espécies de pterossauros, como os dois encontrados recentemente.
Com formação geológica datada do Jurássico Superior, os fósseis da região foram preservados em calcários que se formaram em antigos lagos de águas rasas e de baixa oxigenação, o que impediu a ação de decompositores e preservou detalhes finos, como tecidos moles das espécies.
O conjunto fóssil de Solnhofen possui uma diversidade e qualidade de fósseis internacionalmente reconhecidas, sendo considerado um local de exemplar preservação.
(Por Júlia Sardinha)

