Máquina criada por da Vinci há 500 anos tem segredo que pode tornar drones mais silenciosos — Foto: Wikimedia Commons

Uma máquina voadora pensada no século 15 por Leonardo da Vinci poderia ter sido mais silenciosa do que drones atuais. Apelidada de “parafuso aéreo”, essa criação foi proposta em 1480 e é considerada uma espécie de precursora do helicóptero, mas da Vinci não chegou a construí-la nem a testá-la.

Um novo estudo, compartilhado em 11 de junho no repositório arXiv, aponta que a máquina pode exigir menos energia para gerar a mesma quantidade de sustentação que um drone.

Como era a máquina de Da Vinci

Naquela época, Leonardo da Vinci havia imaginado o parafuso aéreo sendo acionado por humanos. Nesse caso, o peso dificultaria a decolagem. Mas é possível que a máquina tivesse voado se fosse usado um motor elétrico. E foi isso que o estudo mostrou.

A equipe construiu um parafuso aéreo e o colocou em um túnel de vento virtual para testá-lo em diferentes velocidades de rotação e observar como ele se comportaria. Notou-se que o parafuso poderia gerar a mesma sustentação girando mais lentamente e, portanto, consumindo menos energia.

Além disso, a pressão e os padrões de fluxo de vento ao redor do parafuso mostraram que o som produzido pela máquina é menor do que o design convencional para a mesma sustentação.

“A ideia era reunir inspiração histórica e computação moderna para reimaginar um drone moderno mais silencioso”, conta Rajat Mittal, professor de engenharia mecânica da Universidade Johns Hopkins, nos EUA, em comunicado.

Formato da hélice

Outros grupos de pesquisa já estudaram hélices em forma de laço menos barulhentas do que as hélices tradicionais – que têm pás planas, finas e com bordas angulares. Nesse caso, o zumbido vem de pequenos tornados de ar que sopram e se cruzam com as pás.

A equipe de Mittal supôs que o projeto de Leonardo poderia ser ainda mais silencioso que as hélices com formato de laço, já que propunha um formato em parafuso e lâmina única.

Os pesquisadores pretendem avaliar a possibilidade de tornar o projeto de da Vinci mais eficiente, mantendo a redução de ruído. Mesmo porque, com o aumento do uso de drones nas cidades para entregas a domicílio, a poluição sonora tem se tornado um grande problema.

Nos Estados Unidos, a Administração Federal de Aviação (FAA) recebe milhares de reclamações anualmente devido ao zumbido das hélices dos drones. O ruído incomoda tanto as pessoas que um estudo da Nasa de 2017 mostrou que humanos consideram o ruído desses veículos aéreos mais irritante do que o de qualquer outro veículo terrestre, mesmo quando estão no mesmo volume.

O vídeo a seguir, criado pelos pesquisadores, mostra o limite das correntes de ar em turbilhão (vórtices) ao redor de uma hélice. Confira:

(Por Redação Galileu)