Um surto de uma infecção bacteriana grave no bairro do Harlem, em Nova York, acendeu o alerta das autoridades de saúde dos Estados Unidos nos últimos dias. Segundo atualização do Departamento de Saúde e Higiene Mental da Cidade de Nova York, divulgada na segunda-feira (4), 58 pessoas já foram diagnosticadas com a chamada “doença dos legionários”, e duas delas morreram em decorrência de complicações do problema.
O surto teve início no final de julho e está concentrado em diversas comunidades do Harlem. As investigações realizadas apontaram que 11 torres de resfriamento locais testaram positivo para a bactéria do gênero Legionella sp., causadora da infecção.
Como destacou o portal Live Science, as torres onde foram constatadas a presença do agente patogênico já passaram pelo devido processo de remediação, exigido pelas autoridades sanitárias. Sendo assim, os moradores que dependem daquela água para tomar banho, cozinhar e manter a temperatura usando ar-condicionado. O mesmo vale para quem bebe água direto da torneira.
Não é a primeira vez que um surto do tipo ocorre. Na verdade, a cidade de Nova York registra, em média, entre 200 e 800 casos de doença dos legionários por ano, que costumam se acumular durante o verão do Hemisfério Norte, período em que o calor favorece a multiplicação da bactéria nos sistemas de água.
Doença dos legionários
A doença dos legionários (também conhecida como “legionelose”) é uma forma atípica e grave de pneumonia, causada por bactérias Legionella sp., geralmente da espécie Legionella pneumophila. Esses microrganismos se proliferam em ambientes com água doce e morna, como sistemas de encanamento, fontes decorativas, chuveiros, banheiras de hidromassagem e torres de resfriamento de edifícios – exatamente o tipo de infraestrutura comum no Harlem.
Sua infecção ocorre pela inalação de pequenas gotículas de água contaminada, geralmente em forma de vapor. Como destaca o blog da Mayo Clinic, a maioria das pessoas se infecta ao entrar em contato com os jatos de água de chuveiro, pia e banheira de hidromassagem ou ainda com as torres de resfriamento, usadas em sistemas de ar-condicionado.
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Os primeiros sintomas da doença surgem entre dois e 14 dias após a exposição à bactéria. Inicialmente, a infecção se parece com uma gripe forte, com sinais de febre alta, dor de cabeça, dores musculares e calafrios. Com a progressão do quadro, podem surgir tosse (às vezes com sangue), falta de ar, dor no peito, náuseas, vômitos, diarreia e até confusão mental.
Se não for tratada rapidamente, a doença pode evoluir para quadros mais graves e complexos. Isso inclui, por exemplo, episódios de insuficiência pulmonar, choque séptico e falência renal aguda; todos potencialmente fatais.
Cuidados contra a infecção
“Adultos com 50 anos ou mais e aqueles que fumam ou têm doenças pulmonares crônicas devem estar especialmente atentos aos seus sintomas. A recomendação é para que procurem atendimento médico assim que eles surgirem”, alerta Michelle Morse, comissária interina de Saúde de Nova York, no comunicado do Departamento de Saúde e Higiene Mental.
Outros sujeitos com maior vulnerabilidade aos efeitos da infecção são pessoas com o hábito de fumar, imunocomprometidos (como transplantados ou indivíduos com HIV) e diagnosticados com doenças pulmonares crônicas, diabetes, câncer ou insuficiência renal.
Especialmente quando diagnosticada precocemente, a doença dos legionários pode ser tratada com eficácia com antibióticos. Segundo o site do Hospital Einstein, o diagnóstico da condição vem via exames de urina e avaliação do escarro para identificação da bactéria.
Por mais que seja pouco conhecida pelo público geral, a doença dos legionários representa uma ameaça real à saúde pública, porém, é altamente evitável e tratável. A melhor forma de prevenção à doença é a manutenção adequada dos sistemas de água, especialmente em edifícios grandes e públicos, onde as bactérias podem se espalhar com mais facilidade. Isso inclui a limpeza regular de torres de resfriamento, tanques de água quente e fontes decorativas.
(Por Arthur Almeida)

