
Um novo estudo, publicado no dia 20 de agosto na revista científica Science Advances, analisou ossadas que podem contar histórias de povos invasores, vindos dos arredores de Paris rumo ao nordeste da França. Pela análise de 82 restos mortais enterrados entre 4.300 e 4.150 a.C., os pesquisadores puderam investigar como as condições de sepultamento revelavam muito sobre a origem dessas pessoas.
Guerras pré-históricas
Corpos mutilados e não mutilados foram enterrados em fossas separadas, sendo esse o primeiro indício de que eles se tratavam de diferentes grupos. A análise química de dentes e ossos forneceram ainda mais pistas: as pessoas com corpos mutilados não eram da região, possivelmente originários dos arredores de Paris.Já as ossadas sem sinais de violência foram classificadas como locais, o que pode significar que elas pertenciam a pessoas que morreram durante conflitos territoriais com invasores.
“O membros inferiores foram [fraturados] para impedir que as vítimas escapassem, todo o corpo apresenta traumas causados por força bruta e, além disso, em alguns esqueletos há marcas – perfurações – que podem indicar que os corpos foram colocados sobre uma estrutura para exposição pública após serem torturados e mortos”, explica Teresa Fernández-Crespo, arqueóloga e coautora do estudo, em entrevista ao site Live Science.
Segundo os cientistas, um exemplo de celebração de vitória militar na Europa pré-histórica era, justamente, a exibição de membros decepados dos inimigos como “troféus”, o que explicaria os braços e mãos esquerdos encontrados separados dos corpos.
Populações da região viviam em assentamentos fortificados e frequentemente entravam em conflitos em decorrência de invasões. Fernández-Crespo argumenta que as fossas revelam uma intensidade de violência sem precedentes contra o corpo, que só pode ser compreendida em um contexto de tortura, mutilação e desumanização da vítima.
Seja associado a atos de vingança ou a práticas marciais de povos neolíticos, os pesquisadores afirmam que o sítio arqueológico representa “uma das primeiras instâncias de vitórias marciais na Europa pré-histórica”.
(Por Fernanda Zibordi)

