
Uma equipe de especialistas do Projeto de Pesquisa Arqueológica de San Giuliano (SGARP) anunciou, no dia 15 de julho, a descoberta de uma rara e imaculada tumba etrusca na região central da Itália. Trata-se de uma das poucas câmaras funerárias pré-romanas a não terem sido saqueadas ao longo dos séculos e, por isso, tem sido aclamada como um dos achados mais significativos das últimas décadas para a compreensão da civilização antiga.
Em comunicado à imprensa, os responsáveis indicam que o espaço selado data de 2,6 mil anos atrás e está localizado dentro do sítio de San Giuliano, a cerca de 70 km de Roma. Dentro dele, os restos mortais de quatro indivíduos jaziam em leitos de pedra esculpida e mais de 100 bens funerários notavelmente bem preservados, incluindo vasos de cerâmica, armas de ferro, ornamentos de bronze e carretéis de prata.
Veja fotos da câmara e seus tesouros, capturadas pelos especialistas:
Tumba de 2,6 mil anos achada na Itália tem dezenas de artefatos intocados; fotos
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2025/H/6/VBfDmyQd2ucTyu6lysvQ/img-9153.jpg)
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2025/I/A/Hg6apCT3WZlmHIomzIfA/img-9995.jpg)
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2025/P/A/rxSvGvTUay2aMwiZHWvw/img-9972-1.jpg)
Oportunidade única
Como lembra o portal Live Science, a civilização etrusca prosperou na região ocupada pela Itália nos séculos anteriores à formação da República Romana, atingindo o seu auge por volta do século 6 a.C. Na sequência, o povo começou a entrar em conflito com os vizinhos romanos, o que levou às Guerras Romano-Etruscas. A Etrúria foi oficialmente assimilada à Roma no século 1 a.C.
Iniciado em 2016, o SGARP já fez diversas descobertas significativas, tendo documentado mais de 600 túmulos na necrópole que circunda o Planalto de San Giuliano. Contudo, até a descoberta do túmulo intacto mais recente, todos os outros haviam sido saqueados desde a ocupação romana, no final do século 3 a.C.
“Esta câmara funerária completamente selada representa um achado raro para a arqueologia etrusca”, afirma Davide Zori, um dos pesquisadores responsáveis pela descoberta. “Temos agora em mãos uma oportunidade única para o nosso projeto estudar as crenças e tradições funerárias desta fascinante cultura pré-romana”.
Novos caminhos de investigação
Análises preliminares dos objetos da tumba sugerem que os indivíduos enterrados podem ser duas duplas de homens e mulheres, mas conclusões adicionais aguardam estudos antropológicos, isotópicos e genéticos dos restos mortais. “A equipe do SGARP concluiu a escavação da tumba, mas o estudo e a análise dos dados produzidos por esta descoberta incrível estão apenas começando”, destaca Zori.
O projeto propõe um cuidadoso processo de escavação, que vai desde a documentação detalhada das estruturas antigas até a preservação de seus tesouros, como a limpeza de vasos, cacos e outros itens. Outro elemento proposto pela iniciativa é envolver a comunidade local em sua herança cultural, estimulando visitas ao sítio arqueológico e aos laboratórios de pesquisa.
“Participar de um projeto que desenterrou uma tumba não saqueada foi extremamente surreal”, disse Kendall Peterson, colaboradora do estudo. “É algo que os arqueólogos almejam por toda a carreira. Me fez lembrar que não estamos apenas estudando artefatos, mas também contribuindo para uma herança cultural compartilhada que ainda importa profundamente para as pessoas que vivem lá hoje”.
(Por Arthur Almeida)

