Os esqueletos foram encontrados em posições de sepultamento incomuns, além de terem vestígios de fraturas cranianas e traumas perimortem, ou seja, ocorridos por volta do momento da morte — Foto: Henry Tantaleán/Universidade Nacional Maior de São Marcos

Em escavações perto do Templo de Puémape, no Peru, arqueólogos descobriram uma tumba ritualística com mais de uma dúzia de restos mortais. Evidências encontradas no complexo arqueológico sugerem que os indivíduos foram mortos em rituais de sacrifício humano, ocorridos há aproximadamente 2.300 anos.

A novidade foi divulgada pelo portal Heritage Daily em 5 de setembro. O Complexo do Templo Puémape fica na costa noroeste do Peru, sendo que trabalhos de escavação ocorrem no local desde 2024.

Embora o templo seja bem antigo – construído pela cultura Salinar há 3 mil anos –, a tumba data de um período posterior, entre 400 e 200 a. C. Segundo os cientistas, o templo já poderia estar abandonado na época dos rituais.

Vestígios de sacrifícios

O sepultamento de pelo menos doze pessoas dentro da estrutura funerária tem características incomuns. Henry Tantaleán, professor da Universidade Nacional Maior de São Marcos e líder da equipe de escavações, conta que vários mortos apresentam fraturas cranianas, e alguns contém cordas ao redor do pescoço e em volta dos pulsos, com as mãos amarradas atrás das costas.

“A maneira como foram colocados na tumba é estranha, com os rostos voltados para o chão, um padrão de sepultamento incomum em toda a pré-história andina”, afirma o arqueólogo em entrevista ao site Live Science em 31 de agosto.

A posição de sepultamento dos falecidos, assim como a ausência de oferendas e objetos funerários, chamou a atenção dos arqueólogos de que o ritual de sacrifício poderia divergir das tradições mortuárias da época em que o templo foi construído — Foto: Henry Tantaleán/Universidade Nacional Maior de São Marcos
A posição de sepultamento dos falecidos, assim como a ausência de oferendas e objetos funerários, chamou a atenção dos arqueólogos de que o ritual de sacrifício poderia divergir das tradições mortuárias da época em que o templo foi construído — Foto: Henry Tantaleán/Universidade Nacional Maior de São Marcos

Análises esqueléticas feitas pelos pesquisadores indicam que as pessoas foram sacrificadas em atividades cerimoniais. O fato do sepultamento também não estar acompanhado de oferendas e objetos funerários adicionou mais um indício para a teoria de que o local teve seu significado preservado como uma huaca, ou seja, voltado para cerimônias sagradas.

De quem são os restos mortais?

Ainda não há informações biológicas e culturais sobre as pessoas sacrificadas. Tantaleán destaca que estudos dos esqueletos continuam sendo realizados, inclusive análises de DNA dos restos mortais para que suas identidades possam ser reveladas.

Segundo comunicado da Universidade do Sul da Flórida, o  Complexo do Templo Puémape estava debaixo de cerca de 100 toneladas de areia antes de ser descoberto na década de 1980. A equipe de Tantaleán agora foi responsável por encontrar 19 sepultamentos feitos posteriores a criação do templo — Foto: Divulgação/Universidade do Sul da Flórida
Segundo comunicado da Universidade do Sul da Flórida, o Complexo do Templo Puémape estava debaixo de cerca de 100 toneladas de areia antes de ser descoberto na década de 1980. A equipe de Tantaleán agora foi responsável por encontrar 19 sepultamentos feitos posteriores a criação do templo — Foto: Divulgação/Universidade do Sul da Flórida

Cerâmicas, restos de animais e evidências botânicas encontradas no templo também estão sendo examinadas, visando trazer mais pistas sobre os falecidos.

“Possivelmente, eram pessoas que viviam na mesma região, embora também tenhamos a hipótese de que poderiam ter vindo do vale vizinho”, explica Tantaleán.

(Por Fernanda Zibordi)